6 de outubro de 2009

A Janela

Por volta das 4:30 da madrugada, onde a insônia agredia os sonhos de Helena e seus olhos pareciam estar se enchendo de areia, ela resolve olhar as estrelas pela janela de seu quarto, como sua cama é colada á parede, vira seu corpo para o lado contrário e fica de frente para a janela.Seus movimentos são silenciosos para não acordar Artur que dorme na mesma cama. Por fim, seus pés estão no seu próprio travesseiro e ela abre a janela que grunhe.
Após alguns minutos, Artur acorda e vê seus pés, beija-os, verifica se Helena está dormindo, ela sorri e o convida a se deitar do outro lado da cama junto a ela.
Artur percebe que Helena olha fixamente para a Lua e está com seus óculos. Ele comenta – Nossa faz tanto tempo que você não usa esses óculos, você fica linda com eles.

Ela o beija docemente e volta seus olhos para a janela aberta, ele pergunta porque ela está tão fixa olhando a Lua, ela responde que mais uma vez como não conseguia dormir, veio olhar as estrelas; então pegou seus óculos para miopia e na janela se deparou com muitas nuvens, nenhuma estrela e uma Lua.
Artur beijou seu pescoço e disse que via uma bem á sua frente, a estrela mais linda de todas.
E lá estava ela, grande e branca, iluminando tudo a seu redor, sozinha. – Quando eu era pequena, dizia que guardaria “todas” as luas em uma caixinha. Helena brinca com a ilusão de óptica fingindo pegar a Lua com os dedos.Artur passava a mão em seus cabelos como que para prendê-la pois sentia ciúmes da forma com que Helena se referia aquela simples paisagem. - Engraçado como ela está aqui todos os dias, cercada por estrelas e consegue ser sempre chamativa, bonita, reflexiva.
O medo de Artur começava a fazer com que ele sentisse Helena partindo - Ela ficava sempre acordada pensando. No fundo sempre surgia uma preocupação, mas hoje fora diferente, ela colocou seus óculos, sentia que ela queria fugir daquele quarto por aquela janela.
Então a abraçou, virou seu rosto banhado pela luz da lua para si e enquanto dava-lhe um beijo fechou a janela, usando o pretexto de que estava muito frio. Ela virou-se novamente para ver o céu pois a janela de nada adianta ser fechada já que é transparente, então Artur tirou seus óculos e a beijou novamente.
Percebendo talvez sua agonia, ela pôs seu corpo junto ao dele e apertou sua mão; não como quem cede mas como quem está sendo arrastado pela correnteza, por aquela correnteza azul do céu e ouviu-se de seus olhos a despedida. Artur nesse mesmo instante a abraçou forte e a beijou longa e apaixonadamente.

Olharam para a janela e tudo que viram foi uma luz branca por detrás das nuvens. Ela o olhou e disse – Já foi embora, já passou. Não era em tom apaziguador, era aquele tom da mãe dizendo para o menino assustado que o “bixo-papão” fora embora.

Naquele momento, os dois tinham uma coisa em comum, por motivos opostos, a batida de seus corações oscilava entre a dor e o alívio; e sem saber o que se passava na cabeça um do outro, pensavam sozinhos: ‘’Mas amanhã ela volta’’.

Um comentário:

disse...

"a batida de seus corações oscilava entre a dor e o alívio"

Engraçado como o fim das coisas... Dos relacionamentos, das angústias, das escolhas... Tem exatamente esse peso triste no coração.



Gostei muito, querida!!!
Uhmm-á!

[te linkei]