13 de abril de 2010

O Que Reluz É Vento

De tantas vidas que se passaram
Entre toda enfermidade térrea
De tantas mãos que se seguraram nos mesmos restos
Por um tempo tão infindo como memórias
De poucas bocas que desfrutaram do mesmo sabor

Tudo morre e desintegra e as vidas escorrem, a terra fétida, as mãos apodrecem, a memória coagula, o sabor gangrena.
E o pó se esconde no ar e nos becos das ruas humanas.
Tudo o que é pó desaparece.
E por menor que seja o grão, a sobra, o precipitado
Se está lá, então valeu-se a vida.
Essencialmente vida.
Morta.

1 de abril de 2010

Sem Destinatário

Antes do show começar,
passa a maquiagem.
Tens a boca vermelha e sorrindo.

Na frente do público,
o espetáculo não pára.
Risadas, piadas, gargalhas.

Mais pipoca?

Sua desgraça nos faz rir.
Seus tombos e fracassos,
são comemorados pelo contingente.
A tragédia cansada, vira comédia.

Ninguém sabe. Segredo nosso.
Atrás da coxia lágrimas borram sua maquiagem;
E junto com seu cigarro, aquele sorriso se apagou.

Todo dia eu vivo e morro.
Ponho no rosto, um sorriso colorido.
Na gravata, um laço.

Mais pipoca?


Assinado: Palhaço.




[09/09/07]