23 de junho de 2010

Selvageria Rebuscada

A tua pálida vontade
inspira o desejo de
desmontar esse castelo torto de mármore,
arranhando, mordendo e sangrando tudo que for pedra.

Tuas duas luzes azuis,
faróis de gelo aceso
como a chama do fogo;
quente e invisível.

Cercado por seus primos erros,
que não passam de teimosia soberba;
gerada dos teus reis acertos.

E não importa o quanto seja
torto, vil e até asqueroso aos meus próprios olhares.
Mesmo assim cativas a dona destas linhas vagas e inúteis.

A indiferença que respira
é intermitente; e nos momentos de contração
derrete o meu cabelo e os meus olhos de terra
com suas trêmulas mãos e luzes azuis.

E mesmo essa palidez de espírito
não me aquieta a imaginação
dos teus cabelos sol, o teu rosto lua
e o teu corpo mármore desenhando linhas tortas
sobre o meu tímido arrepio,
entregue para o deleite da noite.

E o lugar certo para o teu corpo errado é na minha boca e nas minhas mãos.