20 de novembro de 2012

Último Andar




Eu andei 

 
Até meu corpo ficar mudo.  
Até meus olhos secarem.  

Até meu coração calar...  

 
 
Eu andei embaixo do sol,  
em direção ao nada,  
eu andei com meus pés.  


 
 
Eu andei para te esquecer.  
Eu andei porque te amei.  
Eu andei para cegar minhas mãos.  
  
 
Eu andei para chorar... 
 
  
Eu andei sem saber porque,  
nem para que. 



 
 
Eu andei para andar... 



   
 
para ver se te encontrava, 
para esquecer meu nome, 
para ver se te apagava. 

  
  
Eu andei até ficar sem ar. 
Eu andei esperando você. 

Eu não sei até onde andei. 

       
Eu andei porque ainda te amava. 
    
Eu andei até meus pés sumirem.  
Eu andei para escutar. 
Eu não sei para onde fui,  
nem se voltei. 



           
           
Eu andei até sangrar.    

       
       
Eu não sei se cheguei,  
nem onde fui parar.  
Talvez eu tenha voltado,  
talvez eu fique por lá.  


      
Eu posso ter me esbarrado no caminho de volta, 

ou era apenas uma curva...  

e eu continuo em último lugar. 


         
        
Eu andei com meu coração,      
o mais longe que suportei sua ausência andar.      

          

30 de setembro de 2012

Os Restos


Engole o teu choro,
que o desleal não merece
e o fingidor depois esquece
da dor que te faz sangrar.

Amarra teu amor,
que homem mais amado não há
e o calor do seu corpo não esquenta
o frio que a solidão vem trazendo
nas noites em que ele não está.

Tira da mente as fantasias.
Que no espelho, vejo todas as mentiras.
Escorrendo pelos meus olhos.

E no fim do dia...
O seu cheiro em um pedaço de roupa amassado
É o perfume do passado.
Junto com seus defeitos,
jeitos e manias.

Na minha cabeça um turbilhão de máquinas
e pensamentos...
E neste papel, alguns dos sentimentos
que restaram nas minhas mãos...

O meu amor é masoquista. Violento, vivo, inteiro.


23 de junho de 2012

Falta


Entre os amores, falta-me inspiração,
mas não me falta a dor.
Falta-me o ar e o coração,
mas não me falta o amor...
A inspiração doída,
vale mais que a força da rima das palavras.
A tristeza da poesia, é infinitamente mais bela
do que as mais belas expressões.
  
O poeta que se esgota de poesia,
esquece da alma.
Não é porque se esgota de alegria
que a agonia da falta de versos se instaura no branco papel.

Na sua cabeça se pinta um branco imenso e infinito
Nem os mares, nem a lua, nem a cidade, nem o céu...
É tudo vazio, como o papel sem tinta,

A fonte inesgotável da poesia, se esgotou
em uma noite fria 
e sem títulos bonitos, dignos de uma prosa...
Morrem agora como uma rosa, sem água e sem luz.
Murcham a beira dos dias, a cada hora mais mortos e sem vida.

O poeta sem inspiração, padece no branco de seu pensamento,
sem uma frase para relento, palavra ou soneto que reluz.
O poeta sem inspiração é o mais perdido dos homens,
e o mais sofrido dos espíritos que habitam o corpo sedento.

Se ex-poeta não existe, 
se torna tão infeliz quanto não saber falar à alma, 
Do que vive o coração vazio,
pois não sente o que passa á vida, nem a vida o sente rio.

8 de março de 2012

Soneto do Novo Amor

Que no silêncio das minhas lágrimas
Você ouça meu coraçao
Que sai pela boca seca
Cheia de palavras.

Que nas noites do seu sono
Eu apareça na escuridão dos seus olhos
Acariciando seus medos
Beijando os seus sonhos.

Que nos nossos momentos
Vivamos a calma do tempo
Com a pressa do agora.

Que na nossa história
Tudo o que falta, se complete
Pois o amor, por si só, ja nos transborda.

24 de fevereiro de 2012

Peixes

Andei por dias
as areias secas da sua praia cheia
Vi peixes mortos
esturricados no chão
Com a pele seca e a boca aberta
como se pedissem socorro
Vi peixes e peixes, cadáveres
escamados e ressacados
Desesperados
Vi a esperança nos seus olhos apertados
A carniça marinha jogada nas suas praias abundantes
Pisava e pisava esmagando aquelas folhas branquiais
E os olhos desesperados me esperando

Eu que temi tanto, andei e andei nas praias secas
agora húmidas pelo meu pranto...

E mergulhei infinitamente

3 de fevereiro de 2012

Dança...dança...

Um brinde ás surpresas.
o excepcional inesperado, completo atalho...dos nossos caminhos.
á fenda de destinos e traços percorridos.
aos encontros não marcados, porém confirmados.

Um brinde ao brinde das oportunidades.
das portas escancaradas, dos corações abertos, silenciosos beijos.

Um brinde ao irremediável coração desatento e sedento.
que soluça a cada tropeço de sua dança imprevisível.

E por fim, um brinde ao tormento que inunda este peito estirado e jogado á sua sorte.

Brindemos tudo!