27 de dezembro de 2009

Corpo Faminto

O Sol parecia enraizar na terra, onde estava sua pele. Estava deitada, lânguida, onde seu corpo já virara terra e onde seus sabores ardiam, só lhe faltava evaporar de tão quente. Seus cabelos negros e queimados pelo sol se misturavam aos grãos da terra e seus grandes olhos pretos, fundos e perseguidores olhavam o verde a sua volta como se tudo fosse seu. Cada planta, cada aroma, cada ser vivo, cada ar que respirava era seu; dominara tudo. Cada fruta, cada gota de água que escorria de seu corpo enquanto se banhava na cachoeira e cada centímetro de sol que lhe lambia o corpo para secar.
A brisa suave vinha e balançava os frutos coloridos das árvores, e também lhe acalentava as vísceras que pegavam fogo. Assim que sua garganta secara, pegou a laranja que mais gritava a seus olhos, apalpou bem com suas mãos e seu aroma já lhe penetrava os sentidos, sentou-se como que para conversar com a vida, partira o fruto no meio e com seus dentes, lábios e mãos famintas a devorara deixando que seu doce suco escorresse por seus lábios, seu dorso, seu colo, seu ventre e suas pernas, adocicando sua pele amarga e alimentando suas ilusões.

11 de dezembro de 2009

Mal de Amor

Cupido desgraçado!
Oh flecha insensível e dolorosa
Que se abate sobre nosso peito, perfurando nosso orgulho.

Eros maldito!