Devolvo à vida, tudo que me foi consumido.
Ávida do tormento que me foi permitido.
Acabam-se as dores do mundo
e a minha.
O parto reverso de saída
Serei parida para dentro de tudo.
A minha
placenta de concreto definha.
Abre-se a Mãe para me receber
e me envolve nos lençóis de água.
Meu corpo é o que agora
alimenta esta morada.
O olho, a boca e a mão de despedida,
carimbam o corpo e a alma dos meus,
não deixo nenhum bem, que não estes versos.
O remédio infalível para a dor
é o son(h)o profundo,
então Adeus.
3 comentários:
Incrível... Estou sem palavras, mais uma vez... A Deus...Adeus. Gênio.
Um dos melhores poemas de despedida que já li. Uma vida em fusão. O eu se vai, o poeta existe.
Muito bom, hein?!
Ainda bem que você começou a escrever na vida.
Ainda bem que você começou a escrever a vida.
Ainda bem que você começou a escrever ávida.
;-)
Um beijo, querida!
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